quarta-feira, agosto 17, 2005

uma nota suicida.

Calma, todos. não vou me matar: se fosse, o "título" seria mais criativo. (coro: AAAH! Que pena!). Bom, se eu fosse escrever uma nota suicida, de fato, vou divagar aqui sobre como seria.
Eu sempre pensei que, se fosse me matar, escreveria cartas prá todas as pessoas, e deixaria instruções para contatar as pessoas obscuras da minha vida, imaginando o meu velório cheio de pessoas que me amariam ou odiariam para sempre, dependendo do que lembrariam de mim na ocasião, coisas boas ou não-boas. Mas agora eu imagino que se estivesse angustiado a ponto de me matar, não faria nada disso. Talvez eu escrevesse alguma coisa "geral" com sangue na parede do meu quarto: a dúvida seria essa, já que não tenho mais casa, nem quarto. O teor dos escritos seria simples, falando que eu não fiz parte da vida das pessoas blá blá blá e que por isso não faria diferença morto ou vivo, exceto prá mim mesmo. O velório, também, imagino que seja vazio ou que nem aconteça (preferível, para mim) - missa de sétimo dia, etc - nada disso. Sem alarde, sem avisos. As pessoas pensariam mesmo que eu viajei ou estou ocupado; que não quero falar com elas... Goethe está certo: morrer é só não ser visto. Então eu devo ser morto, e zumbi algumas vezes, prá algumas pessoas. A única idéia que ainda me acompanha é a de ser cremado, e que joguem minhas cinzas do alto do Everest. Não é assim tão difícil, acreditem.
Agora, se eu fosse morrer num certo espaço de tempo, estilo "Minha vida sem mim" também não sei se sairia contando prá todo mundo. Talvez eu falasse um monte de bobagens prás pessoas, prá que elas se arrependam de terem feito alguma coisa - só por diversão. "Poxa, antes de morrer ele disse que me amava..." haha! Era mentira!
Era verdade de-noite
Era verdade de-dia
Mentira, porque eu sofria
-Recapítulo
(João Guimarães Rosa)
Prá vocês é verdade... mas não é não. E sim, eu sofro por causa disso. Recapítulo? Talvez queira dizer continuidade.
Acho que a morte certa, inevitável (até agora, nenhuma novidade), mas breve, próxima; faria com que eu me arrependesse, mas acho difícil. Existe ainda a possibilidade da violência: "À beira da morte, ele se preocupou em mostrar que me odiava".
Uma outra certeza (não esqueçam do Everest) é a de, se me matar, não vou publicar nada na internet avisando. Não quero muita bagunça e sujeira - só o sangue na parede prá impressionar - então não posso ter pressa, "eles vão entrar no site e ler, preciso morrer logo". Fracassar num suicídio é o maior de todos - fracassei tanto na vida quanto em acabar com ela.
Já basta a vida ser "uma agitação feroz e sem finalidade / (...) a vida é traição" (Manuel Bandeira).

A todo o pessoal, adeus! (esse seria um bom título)

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Nossa que fo**!
Mas nunca se mate não hehe você é legal =]
E escreve mo bem!
Beijinhos

10:29 PM  
Blogger Chateau said...

Tentar se matar e não conseguir é foda...que vergonha que deve ser. Outro dia um professor da psiquiatria tava ensinando como agir se desconfiar que um amigo seu vai se matar. Uma das coisas é perguntar "você vai se matar?"

12:09 AM  
Anonymous Anônimo said...

Nossa ... texto mto lindo hein!!
Parabens ed!!!
ah to meio q sem falar depois de ler ele... foi meio... "Acordaaa" p mim!! hehe mais tdu bem!!
Te Adoro beijoss!!
=**

2:51 PM  
Anonymous Anônimo said...

"Mas nunca se mate não hehe você é legal =]
E escreve mo bem"
hahahahaha!!! Bom motivo pra vc nao se matar!!!

Abraços zé!

PEdro

11:07 PM  

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