domingo, novembro 11, 2007

God Complex

Sou egocêntrico e sou perigoso. Deus deve estar muito orgulhoso de mim, num dia como esse que amanhece frio depois de chuva inconstante. Deve estar assistindo, pelo menos dessa vez, consternado. Ele que tantas vezes antes me olhava desprezivelmente risonho e irônico. Não basta o meu divertimento todo com a adrenalina, eu tenho que levar outras pessoas comigo, quantas mais puder, para o abismo. E, chegando lá, me seguro num fio tão tênue que ninguém mais pôde enxergar. E assim vão as pessoas, pro abismo, onde eu não posso mais ajudar, nem impedir. É apenas o último passo que falta ao suicida, porém o mais importante e sem dúvida mais longo, que vai do beiral ao chão. Será que, se eu não estivesse lá, todas essas mortes poderiam ser evitadas? Ou será que eu sou apenas um sombrio convidado, entre tantos, a ver - e sofrer - com toda essa gente solapada. Talvez, se for isso mesmo, alguém lá em cima ainda esteja me olhando com uma risada entredentes, antes tão mais sonora e significativa. Afinal, eu sou um intermediário, um cúmplice, do que acontece com as pessoas, ou apenas mais um observador, entre tantos outros, do apocalipse? Porque eu não quero ser nenhum dos dois. “Deve chegar um tempo em que nossos atos não tenham consequências, especialmente com as pessoas que gostamos”. E, nesse instante, eu não sei quem sou.