sábado, setembro 23, 2006

Nascente

comer sua carne, beber seu sangue, engolir seu espírito. juntar a terra à água ao barro o céu a mim e a você, desfazer-se-á a luz, e tudo até despertarmos será sempre trevas. perder-se demasiadamente um no outro, porque já estamos perdidos mesmo em qualquer lugar, como se a luz nunca tivesse existido e fôssemos desde sempre infinitos na nossa plenitude.


*ao som de: Nascente, que seria uma epígrafe, até, do texto. mas é quase mais comprida; embora, importante a ponto de estar aqui, transcrita

Clareia manhã
O sol vai esconder a clara estrela
Ardente, pérola do céu refletindo teus olhos
A luz do dia a contemplar teu corpo
Sedento, louco de prazer e desejos
Ardentes

(Flávio Venturini - Murilo Antunes)


mesmo eu tendo me lembrado muito tempo depois de escrever.

domingo, setembro 10, 2006

lampejo que aconteceu agora pouco. não exijam um título!

quando voce foi embora ainda era antes do fim de maio. não sabia se o que eu queria era mesmo pelo menos parecido com o que eu podia. e você era a folha do calendário que eu arrancara em busca o despertar de um sonho de outra vida, a que eu vivia. quando eu acordei, não era mais dia. não era mais perto do tempo de te ver. mas, acordado, ao menos dessa vez eu podia o que sentia. e assim iludido, confesso, eu via você na minha vida. e a cada novo dia eu deixo a folha ali, parada, a do seu dia, que quando te fizer minha, será o nosso. esperando pro que vai ser em diante.

sexta-feira, setembro 08, 2006

you will never walk alone

e eu que não achava que os sentimentos pudessem ser assim, condicionais.
"eu não te amo mais", como podia existir?

mas existe! quem diria!
basta que exista o "eu te amo".

talvez só não o sofrimento. tem gente que sofre sem motivos, ou por motivos que se vão, e a pessoa continua, eu inclusive (acho que já fui assim).

acho que vou pedir alguns papéis de volta.


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não gostar das pessoas não valoriza o (fato de se) gostar de poucas (poucas mesmo).
desgostar, indiferença, gostar. tanto faz, pode trocar, até, na frase, os dois "gostar". (quanta vírgula! eu gosto mais de ponto-e-vírgula)

pelo menos de ponto-e-vírgula eu gosto. e de uma ou outra pessoa, do meu cachorro (talvez meu único gostar incondicional, quem sabe? é quase gostar de um vaso que mora longe)

eu gosto de mais de um vaso que mora longe. será que é costume?

gostar mesmo é de quase ninguém (talvez quase nada) e "meu deus como eu sou falso!". e "meu deus, como eu soo falso". a mim mesmo.


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preciso mudar. urgente.
(o que? como?) - eu me pergunto.
mas ainda não achei palavras prá me responder. não conheço tantas assim!



acho que por enquanto é só isso.