quinta-feira, agosto 25, 2005

soundtrack of my death

bom, o título diz tudo.
morte natural ou artificial, a idéia é mais ou menos a mesma. morrer ouvindo isso. deve ter alguma coisa faltando, mas aí está a essência.
na verdade o post é só um jeito de compartilhar um pouco do cd que eu gravei pro mf, chamado "not in laponia", em que constam quase todas essas músicas.


1. Eva Cassidy - Time after time
bem devagar, voz macia, só prá ter a doce ilusão de que as pessoas amam você.

2. David Gray - The other side
já preparando, com "meet me on the other side" e lembrando que "I still don't know what love is" e outras coisas felizes

3. Dishwalla - Drawn out
é... já era. "it's all drawn out, there's nothing inside"


4. Damien Rice - The blowers daughter
"life goes easy on me" e essas coisas super boas prá hora de morrer.


5. Lifehouse - Take me away
"just take me away" - simples assim


6. Remy Zero - Twister (acoustic)
"I need to hear you say goodbye"

7. Radiohead - Creep
"I don't belong here" - é isso aí! então tá chegando a hora de morrer.

8. Radiohead (de novo?!) - Motion picture soundtrack
"help me get where I belong / I think you're crazy, maybe"

9. Coldplay - Your love means everything.
o nome não é muuuuito fofo? a música não. é só prá você, antes de morrer, saber que ninguém se importa...

10. Requiem - Mozart
...mas você se importa! quer uma morte em grande estilo. afinal, tocou até no funeral do papa. música clássica de respeito. o clímax, no finalzinho, é o momento perfeito prá morte.


11. Sigur Rós - Big (live)
a passagem: prá se, caso a morte não seja instantânea, você começar a se acostumar com o que deve ser o céu ou o inferno.

quarta-feira, agosto 17, 2005

uma nota suicida.

Calma, todos. não vou me matar: se fosse, o "título" seria mais criativo. (coro: AAAH! Que pena!). Bom, se eu fosse escrever uma nota suicida, de fato, vou divagar aqui sobre como seria.
Eu sempre pensei que, se fosse me matar, escreveria cartas prá todas as pessoas, e deixaria instruções para contatar as pessoas obscuras da minha vida, imaginando o meu velório cheio de pessoas que me amariam ou odiariam para sempre, dependendo do que lembrariam de mim na ocasião, coisas boas ou não-boas. Mas agora eu imagino que se estivesse angustiado a ponto de me matar, não faria nada disso. Talvez eu escrevesse alguma coisa "geral" com sangue na parede do meu quarto: a dúvida seria essa, já que não tenho mais casa, nem quarto. O teor dos escritos seria simples, falando que eu não fiz parte da vida das pessoas blá blá blá e que por isso não faria diferença morto ou vivo, exceto prá mim mesmo. O velório, também, imagino que seja vazio ou que nem aconteça (preferível, para mim) - missa de sétimo dia, etc - nada disso. Sem alarde, sem avisos. As pessoas pensariam mesmo que eu viajei ou estou ocupado; que não quero falar com elas... Goethe está certo: morrer é só não ser visto. Então eu devo ser morto, e zumbi algumas vezes, prá algumas pessoas. A única idéia que ainda me acompanha é a de ser cremado, e que joguem minhas cinzas do alto do Everest. Não é assim tão difícil, acreditem.
Agora, se eu fosse morrer num certo espaço de tempo, estilo "Minha vida sem mim" também não sei se sairia contando prá todo mundo. Talvez eu falasse um monte de bobagens prás pessoas, prá que elas se arrependam de terem feito alguma coisa - só por diversão. "Poxa, antes de morrer ele disse que me amava..." haha! Era mentira!
Era verdade de-noite
Era verdade de-dia
Mentira, porque eu sofria
-Recapítulo
(João Guimarães Rosa)
Prá vocês é verdade... mas não é não. E sim, eu sofro por causa disso. Recapítulo? Talvez queira dizer continuidade.
Acho que a morte certa, inevitável (até agora, nenhuma novidade), mas breve, próxima; faria com que eu me arrependesse, mas acho difícil. Existe ainda a possibilidade da violência: "À beira da morte, ele se preocupou em mostrar que me odiava".
Uma outra certeza (não esqueçam do Everest) é a de, se me matar, não vou publicar nada na internet avisando. Não quero muita bagunça e sujeira - só o sangue na parede prá impressionar - então não posso ter pressa, "eles vão entrar no site e ler, preciso morrer logo". Fracassar num suicídio é o maior de todos - fracassei tanto na vida quanto em acabar com ela.
Já basta a vida ser "uma agitação feroz e sem finalidade / (...) a vida é traição" (Manuel Bandeira).

A todo o pessoal, adeus! (esse seria um bom título)

segunda-feira, agosto 15, 2005

duvidações diplópicas

será que um dia eu vou saber? e, mesmo se eu souber ou até já saiba,eu vou me esquecer? então se for assim acho que prefiro não sabernunca. o desgosto e a ausência do esquecimento parecem (hoje) pior esquecer a frustração do desconhecimento, e talvez deverá ser sempre assim,se houver possibilidade. as condicionais não parecem querer ajudar muito, nem a idéia de que na verdade essas coisas não façam diferença substancial, porque substancialmente a eterna ausência e a breve estadia não se diferenciam tanto. vale a pena conhecer a felicidade por um momento apenas e ter de saber que antes e depois é tudo infelicidade?sendo esse o tipo de coisa que eu nunca vou saber, e ninguém vai, a angústia aumenta ou diminui, como se alternam os dias e os relógios.