E ninguém conseguiu se esquecer do que aconteceu naquela noite, nem nunca poderia, mesmo se quisesse. Mesmo se tentasse. A partir daquele dia cinza de outono que nascia, as pessoas não teriam mais consciência sobre seus atos. Nenhuma delas se arrependeria, nunca mais, pela falta ou excesso.
Entre muitos entusiasmados com a nova condição, havia algum que, mesmo desnecessariamente, passou a dormir melhor à noite. Descobrimos então que era uma menina muito mais tranquila, agora, que sua vida estava de certa forma simplificada. Afinal, ninguém gosta de precisar mentir. Mentir para os pais sobre a virgindade, para o namorado sobre a virgindade e os namorados casuais e para as amigas sobre os namorados casuais e o namorado e a virgindade.
Mas não era só isso. Podia assumir tudo aquilo que a envergonhava, tomando como coisas positivas, diante de seu ego, sem constrangimentos. Até mesmo a perfeição admite exceções -e, era óbvio que no mundo ela era o maior expoente daquilo que se entende "A Perfeição" - mesmo com todas as justificativas. Agora não haveriam mais nódoas negras no seu mundo de lilás e azul claro.
Toda noite ela deitava na cama com um sorriso nos lábios. Nada a despertaria de seu sono tranquilo - talvez um ecstasy. Mas essa felicidade nem mesmo o amanhã estragaria.
Depois, o amanhã acabou estragando, sim, a vida maravilhosa das pessoas. Algumas delas, mas realmente poucas, passaram a perceber aquele horror. As primeiras foram tratadas como loucas e devidamente enclausuradas. Demorou um tempo até que pessoas assim fossem aceitas (com restrições) pela sociedade, e muitas delas tinham que viver de uma forma que condenavam, prá não se isolar. Outras tantas não aceitaram viver assim.
Essa doença precisa ser exterminada antes que se transforme numa epidemia. De todo jeito, eu sempre soube que era doente. Coisa rara, porque os doentes são sempre os outros.
Entre muitos entusiasmados com a nova condição, havia algum que, mesmo desnecessariamente, passou a dormir melhor à noite. Descobrimos então que era uma menina muito mais tranquila, agora, que sua vida estava de certa forma simplificada. Afinal, ninguém gosta de precisar mentir. Mentir para os pais sobre a virgindade, para o namorado sobre a virgindade e os namorados casuais e para as amigas sobre os namorados casuais e o namorado e a virgindade.
Mas não era só isso. Podia assumir tudo aquilo que a envergonhava, tomando como coisas positivas, diante de seu ego, sem constrangimentos. Até mesmo a perfeição admite exceções -e, era óbvio que no mundo ela era o maior expoente daquilo que se entende "A Perfeição" - mesmo com todas as justificativas. Agora não haveriam mais nódoas negras no seu mundo de lilás e azul claro.
Toda noite ela deitava na cama com um sorriso nos lábios. Nada a despertaria de seu sono tranquilo - talvez um ecstasy. Mas essa felicidade nem mesmo o amanhã estragaria.
Depois, o amanhã acabou estragando, sim, a vida maravilhosa das pessoas. Algumas delas, mas realmente poucas, passaram a perceber aquele horror. As primeiras foram tratadas como loucas e devidamente enclausuradas. Demorou um tempo até que pessoas assim fossem aceitas (com restrições) pela sociedade, e muitas delas tinham que viver de uma forma que condenavam, prá não se isolar. Outras tantas não aceitaram viver assim.
Essa doença precisa ser exterminada antes que se transforme numa epidemia. De todo jeito, eu sempre soube que era doente. Coisa rara, porque os doentes são sempre os outros.